quinta-feira, 29 de julho de 2010

MENSAGEM DA XI ASSEMBLEIA GERAL

“Vimos a sua estrela… e viemos adorá-l’O” (Mt 2,2)



1. Concluímos, hoje, a XI Assembleia Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova, no Seminário de Valadares, em Portugal.
2. Somos quinze Sacerdotes e um Irmão da Sociedade, vindos do Brasil, de Portugal, de Angola, de Moçambique e do Japão, cinco por inerência dos cargos e onze eleitos pelos membros da Sociedade nas Regiões.
3. Iniciámos a Assembleia Geral com uma semana de retiro orientado por dois membros do Instituto Espanhol das Missões Estrangeiras, o Director Geral e um dos seus Conselheiros.
4. Estiveram presentes D. Manuel Clemente, Bispo desta Diocese do Porto, e D. António Couto, Bispo Auxiliar de Braga e Presidente da Comissão Episcopal das Missões, a quem agradecemos a solicitude e comunhão.
Estiveram também connosco o presidente da ARM (Associação Regina Mundi, dos nossos antigos seminaristas), a Coordenadora das Missionárias da Boa Nova e dois responsáveis dos Leigos Boa Nova, que nos falaram das suas actividades e manifestaram a vontade de intensificar a colaboração com a SMBN à qual devem a sua fundação e orientação.
5. Em três semanas de trabalhos, analisámos a acção desenvolvida pelos membros da Sociedade nos últimos quatro anos em quatro Continentes e confrontámo-la com o nosso carisma de missionários Ad Gentes. Em nome de todos os membros, damos graças ao Senhor da Messe por tudo o que fizemos e pedimos perdão por todas as deficiências.
6. Se o envelhecimento e falecimentos de um número crescente de membros levou à redução dos campos de trabalho, a existência de Seminários no Brasil, Portugal, Angola e Moçambique e a ordenação sacerdotal de membros da Sociedade Missionária da Boa Nova de três continentes, mantém acesa na Sociedade a esperança do crescimento do Reino, e com a dimensão da universalidade queremos entrar numa nova dinâmica para intensificar a missionação.

7. Na ousadia do Espírito Santo, lançámos uma estratégia nova para a renovação da nossa vida pessoal e comunitária, para que todos nos empenhemos e vivamos fraternalmente o nosso carisma de missionários Ad Gentes, numa caminhada de bem-aventurança. Inspirados no ícone dos Magos, “Vimos a sua estrela… e viemos adorá-l’O” (Mt 2,2), percebemos que a nossa sequela Christi, concretizada na vivência do carisma Ad Gentes, tem a beleza sempre nova de um seguimento radical. Todos desejamos comunidades apostólicas felizes no fiel seguimento da estrela, pela escuta da Palavra e dos sinais dos tempos e pela adoração.
A nossa humilde proposta concretiza-se no texto exortativo e no itinerário quadrienal que apresentámos para a vida da Sociedade.
Elaborámos também algumas orientações para a missionação, dinâmica comunitária, formação dos novos membros, animação missionária e pastoral vocacional, assistência aos membros idosos e doentes.
8. Saudamos cordialmente todos os membros da Sociedade Missionária da Boa Nova que nos confiaram esta tarefa, desde os mais novos e activos, até aos mais idosos e doentes, saudamos todos os nossos colaboradores e todos os que nos acompanham nos nossos campos de trabalho e nos meios de comunicação social, saudamos os prelados e as dioceses onde trabalhamos e donde procedemos, saudamos toda a Igreja em nome da qual assumimos a tarefa da missionação.
9. Com esperança e confiança na acção do Espírito Santo e na protecção de Nossa Senhora da Boa Nova, encaramos o próximo quadriénio (2011-2014).

Valadares, 28 de Julho de 2010

XI Assembleia Geral

Concluiu-se ontem no Seminário da Boa Nova em Valadares a XI Assembleia Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova. Foram 18 dias de escuta, reflexão, diálogo e discernimento sobre o que Deus nos inspira pelo Espírito Santo. Outra página se abre de grande importância. Transmitir a reflexão produzida e moldar os centros missionários com este novo espírito são no imediato os principais desafios traçados.
Partilhamos convosco a nossa mensagem final. Nela está contida em gérmen a alma deste encontro e o caminho a ser trilhado por toda a família Boa Nova para os próximos 4 anos.Poderá não ser perceptível à primeira vista, mas estamos perante um ousado programa de responsabilidade e partilha, alicerçado num fraterno ambiente comunitário, livres para construir, sonhar e ser.
Informamos que para o próximo quadriénio os delegados da XI Assembleia Geral elegeram a seguinte Direcção Geral:
Padre Albino Manuel Valente dos Anjos – Superior Geral
Padre Artur de Matos Bastos – Vigário Geral
Padre Eduardo Daniel – 2º Assistente
Padre Zacarias Lima de Pinho – 3º Assistente
Padre Manuel Castro Afonso – 4º Assistente

Confiámos a Nossa Senhora da Boa Nova, Rainha das Missões, o nosso trabalho de chamados e enviados para o serviço do reino de Deus
Valadares, 29 de Julho de 2010



P. Albino Manuel Valente dos Anjos
Superior Geral

sábado, 24 de julho de 2010

A Beleza de se ser missionário

Terminou a 2º semana de trabalhos da XI Assembleia Geral. Após uma ampla recolha de informação e testemunhos provindos dos relatórios, sistematizou-se em algumas propostas vários temas que os delegados entenderam ser os grandes desafios colocados à SMBN.
Assim, foi nascendo um esquema cheio de vida e novidade onde o acento tónico será colocado no envolvimento alegre de todos os membros, com suas experiências e competências, na resposta aos desafios que são colocados à SMBN e na valorização da comunidade como espaço familiar de encontro, de oração e de realização pessoal.
Não surgirão textos normativos. Nascerá um texto de pendor exortativo alicerçado num ícone bíblico o qual trespassará os vários níveis de realidade que é a SMBN e do qual desejamos que nasça novas atitudes. Sim! Queremos um novo espírito que corresponda a novas atitudes. Apesar deste maior destaque, a assembleia pronunciar-se-á sobre alguns temas que pela sua importância para o futuro da SMBN foram alvo de reflexão.
Tem sido desejo da assembleia compreender e aprofundar o nosso carisma à luz da palavra de Deus e confrontá-lo com novas realidade emergentes. Nesse esforço pessoal e comunitário descobrimos surpreendentes sentimentos, de encanto a profundo amor, ainda que aqui e ali surjam pequenas fagulhas que vêm transformando em cinzas de indiferença.
Usando algumas técnicas de outros mundos, caminha para o fim a elaboração da nossa estratégia na qual queremos todos incluir, confiando na Palavra de Deus e colocando-nos numa atitude humilde e alegre. Sabemos onde estamos. Sabemos para onde queremos ir. Mas quanto ao caminho…só com ajuda de Deus!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Comunicação da ARM á Assembleia Geral

Exmº. e Revmº. Senhor Padre Superior Geral
Exmºs. e Revmºs. Senhores Padres Delegados
Exmº. Senhor Delegado dos Irmãos Missionários
Caros Amigos

É uma honra para a ARM (Associação Regina Mundi, dos Antigos Alunos da Sociedade Missionária Portuguesa) ser convidada e poder estar presente nesta XI Assembleia Geral da Sociedade Missionária da Boa Nova. Muito obrigado pelo convite, muito obrigado pelo tempo que nos disponibilizaram e muito obrigado por nos ouvirem.
Os armistas, todos eles, uns de uma forma mais efusiva, outros mais discretamente, amam a Sociedade Missionária e estão reconhecidamente gratos pelos anos que passaram nos seminários. Foi aí que formaram o seu carácter, desenvolveram a sua personalidade, deram os primeiros passos de percursos mais ou menos longos na sua carreira académica, alicerçaram a fé cristã e aprenderam a ser homens bons. O armista é um homem imperfeito, como todos os outros homens, mas um homem bom. Isto deve-se essencialmente aos formadores da Sociedade Missionária, que aqui, caros Delegados, representais. Vós fostes os nossos pais, nossas mães e os nossos educadores. Se é verdade que dos 3.400 alunos que entraram nos nossos seminários apenas 8 a 10% tiveram o privilégio de serem escolhidos para o sacerdócio ministerial, os outros 90 ou 92% tiveram um outro privilégio: o de serem formados por vós.
Numa época em que em Portugal, como foi o século XX, as famílias na sua grande maioria viviam em pobreza extrema e os estabelecimentos de ensino não conheciam a distribuição de hoje, os Seminários, tomando o lugar das famílias e do Estado, foram responsáveis pela educação e desenvolvimento de uma grande parcela da sociedade portuguesa, sobretudo dos que viviam fora dos grandes meios urbanos, esquecidos nos confins do Minho, de Trás-os-Montes, das Beiras – sem voz e sem capacidade para ocuparem um lugar na sociedade do tempo.
Viemos, às dezenas e às vezes centenas, ter convosco, trazidos ora por tradição familiar, ora por convite expresso de algum dos propagandistas que passavam, ora por encaminhamento de uma professora que tivera oportunidade de conhecer as publicações da Sociedade Missionária, ora por orientação do pároco que com a SM criara laços de proximidade e procurava garantir que assim a sua comunidade paroquial atingia modos de comunhão com uma Igreja inteira espalhada pelos quatro cantos da terra. Viemos muitos; bastantes para darmos a todos a alegria de que estávamos a caminhar para uma Igreja com futuro.
Não estudámos as razões que levaram uns tantos, em percentagem escassa, a determinar-se pelo sacerdócio ministerial: é fácil dizer que os caminhos do Senhor são insondáveis; baste-nos saber, como salienta o Salmista, que todos esses caminhos são rectos, mas, sem pruridos de sociologia, seria útil percebermos como tais caminhos se foram apresentando e como eles derivaram para destinos diferentes – queremos hoje afirmar que, como homens de fé, acreditamos que esses destinos foram / são complementares: podem ser entendidos como tal e queremos afirmar que estamos convictos de que não foi em vão que todos (formadores e formandos) nos cruzámos nos corredores dos Seminários de Tomar, Cernache do Bonjardim, Cucujães, Valadares.
Devemo-vos uma formação humana que teria sido muito mais difícil sem o contributo de quem aceitava ficar connosco a acompanhar o desenvolvimento da inteligência e da vontade ou do carácter, em vez de ir buscar as alegrias da pastoral missionária. Muitos de nós hoje respondem por cargos de reconhecido mérito público: Juízes Desembargadores, Professores Catedráticos, Juízes, Provedores, Membros do Governo, Governadores Civis, Presidentes de Câmara, Médicos, Advogados, Professores, etc. Todos sabem que, cargos como esses, exigem inteligência, nobreza de carácter, ética e prudência, justiça, sensibilidade a padrões de vida com os outros e dedicação de samaritano. Trazíamos das nossas famílias muitos desses valores e vós ajudastes a purificá-los, tornando-os mais conscientes numa confiança mútua que nos marcou para toda a vida. Sabíamos rezar e tínhamos feito a catequese; convosco aprendemos a estruturar a vida cristã em moldes mais robustos.
Nós estamos gratos. Obrigado. Vós podeis estar orgulhosos do trabalho desenvolvido.
A vós queremos tomar por testemunhas de que não foi em vão que passámos alguns anos da nossa vida em comum, formando uma família de convocados para o discernimento do nosso futuro, ouvindo a Deus e deixando que vós fôsseis nossos orientadores.
O espírito de vida em comunidade apreendido nos Seminários foi tão fortemente enraizado em nós que em apenas dez anos de formação, os ex-alunos sentiram necessidade de se encontrarem regularmente e já em 1944 criavam a ARM, ainda que informalmente, como estrutura de que sentiam necessidade. Comemorámos, no ano passado, o 65º aniversário da primeira reunião. Somos a Associação mais antiga do país e mesmo esta particularidade é fruto da aprendizagem que tivemos na nossa adolescência.
Ao longo destes 65 anos passámos de uns encontros ocasionais, para reviver o passado e encontrar velhos amigos e companheiros, para encontros regulares. Alterámos o estatuto e temos hoje uma Associação formalmente constituída. Crescemos e tornámo-nos adultos. Mas sempre com o propósito: “Unir em redor da Sociedade Missionária os Associados (alunos e eventuais sacerdotes) aumentando e estreitando os laços de amizade entre eles, com o fim de mutuamente se auxiliarem no campo social, missionário e cultural” (artº. 3 dos estatutos da ARM)
Cimentados que estavam os alicerces da ARM havia que desenvolvê-la e criar laços de proximidade. Recriámos em 1994 o nosso Boletim informativo (publicado anteriormente como suplemento do Missionário Católico, mas suspenso desde 1974), trimestral, que sabemos ser pobre, e temos consciência do nosso amadorismo, mas que chega aos quatro cantos do mundo onde haja alguém que em tempos viveu o mesmo sonho. Com as novas tecnologias a informação flui muito mais rapidamente quer pela nossa página da internet (modesta, mas visando o essencial) quer por e-mail pessoal (essa invenção maravilhosa que em segundos leva a qualquer canto do planeta as boas e as más notícias).
É neste contexto de proximidade que as Assembleias Gerais, uma por ano, são sempre num dos nossos Seminários e assim fortalecemos os laços com a SMBN. Criámos 9 Delegações, dinâmicas, também com encontros anuais, para estarmos mais próximos de armistas que, por diferentes razões, não podem estar nos Encontros Nacionais.
Em 2007, a consciência de participação acentuou-se e formou-se a intenção de demonstrar que os objectivos da ARM não eram apenas vagos e afectivos. Sentíamos necessidade de fazer algo mais.
Pela primeira vez, que eu tenha conhecimento (e peço desculpa se estiver errado), na Assembleia Geral de 2008, em Cernache do Bonjardim, os Órgãos Sociais da ARM não foram escolhidos aleatoriamente entre os presentes. Houve listas candidatas, com programa a cumprir no mandato. Um novo sinal de maturidade. Esperamos que no próximo ano, ano de eleições, haja novas listas com novas ideias.
A actual Direcção da ARM - Associação Regina Mundi, dos Antigos Alunos da Sociedade Missionária Portuguesa, quando venceu as eleições em Maio de 2008, tinha um sonho: Dar uma dimensão missionária comum, efectiva e visível, à Associação.
Conscientes de que havíamos recebido uma formação intelectual e humana como base da nossa inserção social na vida, parecia-nos útil e possível começar por esse lado a nossa acção. Nasceu assim o Projecto de combater a pobreza pela via da alfabetização, mediante o apadrinhamento de crianças em idade escolar – sem ter a pretensão de competir com outras organizações, mas através de apoio directo e esclarecido aos Missionários da SMBN.
A ideia foi germinando, fomo-nos aconselhando com quem tem experiência no terreno (os nossos missionários) e desenhámos o projecto. Com a nossa vivência cristã e missionária, através da nossa inquietação humana, por cá, com a logística dos nossos missionários no terreno, por lá, poderíamos envolver-nos numa acção concreta, sem fugas nem desperdícios. Era possível.
Para tal era necessário que o projecto fosse credível. Que não restasse qualquer dúvida a quem, com a sua generosidade, apoiasse uma ou mais crianças. Era necessário dar-lhes algo em que acreditassem. As pessoas são generosas por natureza, mas na sociedade actual, minada pela corrupção, pela desinformação e mesmo pelos abusos que os media tanto gostam de explorar, é necessário dar-lhes garantias. Essas garantias são simples: comprovar a confiança, trocando informações sobre acções concretas, distribuindo o que nos entregam, dando conta de como e onde gastámos o dinheiro que retiraram das suas contas.
Acreditámos. Baptizámos o projecto de “Um sorriso para Ti”. Nome bonito e apelativo.
Começa aqui uma outra era de estreita cooperação entre a SMBN e a ARM, isto é, entre vós e nós. As dificuldades unem as pessoas, e à medida que íamos resolvendo os pequenos problemas, desenvolvendo a dinamização e agilização da logística, os laços entre a SMBN e a ARM sentiam-se mais fortes de dia para dia.
O objectivo para o primeiro ano era ambicioso: 100 crianças.
O Senhor Padre Superior Geral, conhecedor das dificuldades no terreno, escolheu algumas escolas e pediu aos responsáveis que, em cada uma delas, elegessem 20 crianças com maiores carências, nos enviassem alguns dados biográficos dos “miúdos” para que pudéssemos apresentá-los nas nossas acções de dinamização.
O relatório dos factos deverá aqui acentuar que algumas respostas foram lestas, outras nunca chegaram. Quanto a estas só poderemos fazer uma leitura: ou não precisavam de ajuda ou pura e simplesmente não acreditavam no Projecto. Falta de tempo não se compreendia ao fim de seis meses.
Compreendemos que, por vezes, é preciso ter a paciência do semeador que lança a semente e espera que ela nasça; aceitamos também que alguns precisem de demonstrações para acreditarem – mal pareceria que comparássemos alguns dos nossos interlocutores com o apóstolo Tomé, mas invocamo-lo para ouvir a palavra do Senhor Ressuscitado; queremos dizer-vos que não temos pretensões a interferir no ritmo da actividade apostólica, mas apenas estar convosco ao longo das vossas caminhadas para vos levar o cântaro que vos permita tirar a água de tantos poços que podem dessedentar o Senhor que passa pelas terras da Samaria. A todos queremos dizer que nesta acção está também comprometida a nossa vida de cristãos e de armistas com a solidariedade em que nos envolvestes quando aceitastes ser nossos formadores e nos destes o sentido de família – que não perdemos ao longo a vida e queremos revitalizar convosco na partilha das vossas preocupações e actividades; tanto mais o queremos fazer quanto vos consideramos como gestores de um projecto divino de anúncio do Amor de Deus entre os Homens. Em vós nos revemos e em vós confiamos como pregoeiros adiantados num mundo cada vez mais esquecido de Deus: mesmo que outros pudessem fazer melhor do que nós (todos juntos, nós e vós), acreditamos que temos algo de novidade a levar por vosso intermédio – a mensagem do sorriso de Deus que vem até ao Homem e nele confia, pois foi ele que disse “deixai vir a mim os pequeninos”.
É justo referir que Chibuto e Nametil responderam quase na volta do correio.
Em actos multiplicados, chegaram depois outros pedidos. Tivemos de experimentar os contratempos das burocracias para preenchermos os quadros documentais: sabemos como muitos são avessos a planeamento, talvez porque gostam de cumprir o preceito evangélico que diz não dar a conhecer à mão direita o que faz a esquerda e porque acreditam na generosidade da Providência que todos os dias manda o sol sem perguntar o que fizemos no dia anterior com a chuva que também caiu... Entendam-nos: não pretendemos reivindicar contas nem desconfiar de quem quer que seja; no entanto, a solidariedade tem gestos que são mais eficazes quando os elos se mantêm apertados! Precisamos da vossa atenção para que a nossa tensão se mantenha vigorosa e atenta!
Conseguimos o objectivo das 100 crianças. Foi preciosa a divulgação na Revista Boa Nova, que representou cerca de 15% do sucesso. Aqui queremos deixar aqui um agradecimento à redacção da revista e em particular ao Senhor Pe. Armando Soares.
Recompostas as coisas, em 20 de Janeiro, foi assinado em Lisboa, na Casa Central da SMBN e sede social da ARM, o protocolo de cooperação no âmbito do projecto “Um sorriso para Ti”. Em simultâneo foi entregue à SMBN um cheque de 10.000,00 Euros, correspondente ao ano de 2010, para apoio em 5 escolas. O apoio será por 3 anos, o que representa um envio de 30.000,00€.
As escolas apoiadas e os responsáveis pela implementação do projecto são:
ANGOLA: Escola N. S. Boa Nova – Pe. Valente Pereira
MOÇAMBIQUE: Malema - Pe. José Alexandre
Nametil - Pe. Francisco Godinho
Chibuto - Pe. Amaro e Pe. Firmino
Pemba - Pe. Luís Figueiredo
Nessa mesma data foram pedidas as fotos das crianças, para que pudéssemos estabelecer uma ligação maior entre os padrinhos quem estavam a apoiar e as Escolas apoiadas. Com alguma mágoa, temos de confidenciar que ao fim de 7 (sete) meses, apenas 3 (três) Escolas responderam… Estamos em crer que faltaram máquinas fotográficas para obter o que pedíamos!
Foi o Senhor Padre Superior Geral com o Presidente da Direcção da ARM quem se comprometeu a dar conta dos resultados. Fizemo-lo em diversos fóruns públicos. As regras são poucas e simples. A primeira é que as verbas enviadas sejam aplicadas no âmbito do Projecto, e não noutro, isto é, na educação das crianças indicadas e não desviadas para outras iniciativas, pois, embora compreendamos possam ser até mais prementes, tal desvio desvirtua as intenções e descredibiliza a acção de apoio.
Estamos disponíveis e abertos a abraçar outras formas de ajuda, mas sem desvirtuar aquele em que nos comprometemos explicitamente. Se queremos ser credíveis, precisamos de cumprir as nossas promessas.
Faço aqui um apelo às Escolas de Malema e Nossa Senhora da Boa Nova em Viana para que, num pequeno esforço, nos enviem as fotos em falta.
Pretendemos que o projecto progrida, e gostaríamos que de 2011 a 2014, estivéssemos a apadrinhar mais 100 crianças. Foi essa a nossa proposta no Encontro Nacional de Maio passado em Cucujães, e é nela que estamos a trabalhar.
Falta ainda definir se elegeremos outras 5 escolas ou se alargaremos o número de alunos nas escolas já apoiadas. Este será um assunto a decidir após esta Assembleia Geral.
Outra das intenções para 2009 era conseguir entidades que apoiassem a reconstrução da Escolinha do Chibuto. Foram feitos pedidos, acompanhados de dossier com fotografias da escola, plantas e orçamento, à Fundação Calouste Gulbenkian, à Fundação Luso-Americana, à Fundação do Oriente e à Fundação Rui Nabeiro. O orçamento não era grande, cerca de 145.000,00€, mas a crise financeira que abala o mundo desde 2008 e a liquidez destas entidades têm comprometido as receitas geradas pelas empresas e talvez por isso não estarão elas na situação confortável que tinham em anos anteriores. Há a registar, no entanto, como facto positivo a resposta das Fundação Luso-Americana e a Sociedade Rui Nabeiro, embora declarando a impossibilidade de apoiarem no imediato.
Foi com muita alegria que apoiámos, em Abril do ano passado, o Seminário dos Leigos da Boa Nova, em Valadares. Admirando e valorizando o seu trabalho, reconhecendo a mais-valia que estes jovens trazem para a Sociedade Missionária e sabendo que, sendo jovens estudantes ou desempregados, não têm eles liquidez para arcar com despesas, colaborámos nos custos de hospedagem, organização e lembranças, com aproximadamente 1.750,00€. O que é relevante neste caso não é o contributo mas é o facto de em menos de 2 semanas, e após divulgação de S.O.S. por e-mail, termos a verba necessária disponível para o efeito. É a prova de que os armistas estão mobilizados, envolvidos, atentos e disponíveis para abraçar acções concretas e estruturadas. Apraz-me aqui louvar o trabalho dos LBN (Leigos Boa Nova), pela sua dedicação, empenho, alegria que irradiam e a sua grande disponibilidade para com os outros. Parabéns a todos eles e o nosso bem hajam.
Também no ano de 2009, e em consequência de um dos temas debatidos no Encontro Nacional de 2008: “Cernache do Bonjardim – Alma Mater da Sociedade Missionária”, apresentado pelo armista Prof. Candeias da Silva, editámos o livro “Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim – Figuras e Memórias”, coordenado pelo João Gamboa. Era o terceiro livro editado sobre os nossos Seminários. Agora falta-nos o de Valadares: posso informar, em primeira mão, que o trabalho já está na forja e não quereríamos que os 50 anos do estabelecimento da Sociedade Missionária nesta terra seja esquecido: graças a Deus, temos ainda connosco alguns dos primeiros que aí tiveram responsabilidades institucionais e queremos partilhar com eles as suas memórias. As Instituições são o que as suas memórias ditam, e considero que a ARM, também nesta matéria, tem estado bem deixando um legado sobre as histórias das nossas casas.
Uma figura incontornável ligada ao local do Seminário de Cernache é, sem sombra de dúvidas, o nosso padroeiro S. Nuno de Santa Maria. Desafiámos o Senhor Padre Prof. Doutor Aires do Nascimento a escrever algo sobre Nun’Álvares para o livro do Seminário de Cernache. O capítulo, de 64 páginas, surpreendeu tudo e todos, pelo que entendeu a Direcção da ARM que não poderia ficar apenas nas estantes dos armistas. Assim, editámos e levámos a público o livro “Cernache do Bonjardim – Terra do Santo Condestável”, da autoria do mesmo Padre Aires; com o assentimento das autoridades paroquiais e cívicas, fizemos a apresentação desse pequeno livro na Paróquia / Freguesia do Santo Condestável, em Lisboa no dia 17 de Abril de 2009, dias antes de S.S. o Papa Bento XVI canonizar o nosso padroeiro no dia 26 de Abril. Foi a nossa singela, mas sentida homenagem ao Santo Padroeiro. Associámo-nos ainda às comemorações em Cernache, no dia 1 de Maio, promovendo uma palestra sobre o então já Santo Nuno de Santa Maria em que o conferencista, o mesmo P.e Aires Nascimento salientou a importância da “purificação da memória nacional” para entender e venerar a figura excelsa de S. Nuno de Santa Maria.
Ao longo dos meses, foram-se sucedendo as vezes em o P.e Aires Nascimento foi solicitado a fazer intervenções sobre Nuno Álvares Pereira. Cada palestra, com o rigor histórico e literário que caracterizam o autor, apresentava conteúdos novos e sugeria uma imagem renovada do santo que é herói da terra portuguesa. Os conteúdos nada tinham a ver com as biografias que proliferaram nas nossas livrarias, mas projectavam o sentido da crítica histórica em exigências para os nossos dias. Desafiámos por isso o autor a compilar todos os seus estudos sobre o santo para editarmos um livro (agora já sem a pressa que tínhamos tido em Abril do ano passado). Conseguimos que a CM da Sertã apoiasse a edição e neste ano de 2010, em que comemoramos o 650º aniversário do nascimento de Nun’Álvares nos Paços do Bonjardim (hoje quinta do Seminário de Cernache) e em que simultaneamente festejamos o 1º aniversário da canonização de Nuno de Santa Maria, editámos o livro, que temos o grato prazer de vos oferecer, “NUNO DE SANTA MARIA – fragmentos de memória persistente”. Desta obra, sublime sob o ponto de vista intelectual, apraz-nos ainda registar:
1. O autor abdicou dos seus direitos – gesto simples para ele, mas muito significativo para nós que todos os dias nos defrontamos com exigências de honorários.
2. Os proventos da sua venda são canalizados exclusivamente para o projecto “Um sorriso para Ti”.
3. Nos dias imediatamente anteriores à visita do Papa a Portugal, entregámos na Nunciatura Apostólica dois exemplares da obra: um dos exemplares com dedicatória (em latim) para Sua Santidade Bento XVI, outro exemplar, com dedicatáoria em português ao Senhor Núncio Apostólico. Tivemos a felicidade de receber agradecimento de S. Revª. o Núncio Apostólico em Lisboa, em seu nome e em nome de S. Santidade o Papa pela oferta de dois exemplares; a assinatura da carta de agradecimento, feita pelo Senhor Núncio, tem a data (pasme-se) de 12 de Maio de 2010, dia em que o protocolo da visita de Sua Santidade a Portugal tinha sido mais intenso e nada fazia prever que os próprios serviços da Nunciatura houvessem de se ocupar de tal tarefa.
4. Apresenta o livro dez capítulos, cada um deles dedicado a um tema; no conjunto atravessa-se a cultura portuguesa para entender como a figura de Nuno Álvares Pereira nela está presente, mas pretendeu o seu autor acentuar como continua verdadeiro o juízo de D. António Ferreira Gomes, em 1974, quando dizia que o S. Nuno é de todos os santos portugueses o menos aproveitado e, nalguns meios, até vilipendiado. O texto é marcado com iconografia do santo: por certo, será posta em causa a imagem tradicional que dele se constituiu, mas ganhar-se-á um perfil que faz de Nuno de Santa Maria uma das figuras mais genuínas da portugalidade e da nossa identidade cristã.
Ainda no ano de 2009 participámos no Primeiro Congresso de Antigos Alunos dos Seminários Portugueses, que intitulámos: Seminários: da memória à profecia: decorreu em Fátima durante 3 dias e trouxe a lume a importância que os seminários tiveram no desenvolvimento da sociedade portuguesa bem como o papel dos leigos na Igreja. Éramos cerca de 300 congressistas, sendo dez da ARM. Pela primeira vez em conjunto e com diferentes experiências debatemos a vocação, a missão e os valores cristãos. Uma das conclusões: “O Seminário proporcionou-nos formação sólida e aptidões em muitas áreas do saber. Comparável a um 'sistema operativo' informático que activa muitas ferramentas. Marca quem por lá passou e ajuda a 'estar em rede'. Esta preparação deu-nos competências em variados contextos profissionais e sociais: capacidade de cultivar o pensamento, expressar opiniões e de viver em grupo.”
Era uma ambição nossa a congregação de todas as Associações de antigos alunos. Poderíamos ter projectos colectivos, ajuda mútua, aproveitar sinergias. Por isso abraçámos e encorajámos desde início a criação de uma União de todas as associações. Desde Setembro passado, as reuniões têm sido regulares com vista à criação da UASP – União das Associações dos Antigos Seminaristas Portugueses, tendo a ARM sempre participado. Na penúltima reunião, em 21 de Março, foram discutidos os estatutos nos quais foi introduzido que a UASP reger-se-iam pelo Direito Canónico. Discordámos, pois preferíamos que a União tivesse natureza Civil, à semelhança da própria Associação; defendemos que não fosse uma Instituição Canónica, regida pelo Direito Canónico. Aguardamos a aprovação dos Estatutos definitivos e, então, a Direcção submeterá à Assembleia Geral, convocada para o próximo mês de Maio, a aprovação, ou não, da adesão da ARM à UASP.
Permitam-me uma nota pessoal. No dia 16 de Agosto, eu, a minha mulher e a minha filha mais nova, acompanhados de mais duas colegas de trabalho, partimos para Moçambique para fazer férias missionárias de 3 semanas. Não deixa de ser curioso o facto de a iniciativa ter partido da minha mulher: ainda que não tenha tido grande formação religiosa em família, foi ela que após vários encontros da ARM e o contacto com alguns de vós, me desafiou para irmos ao terreno tomar contacto com a realidade dos nossos missionários.
Visitaremos Pemba, Nampula, Chibuto, Malema, Nametil e Maputo. Vamos com 4 propósitos:
1. Passar merecidas férias e conhecer Moçambique.
2. Conhecer a realidade das missões e rastrear problemas que possamos, num futuro próximo, ajudar a resolver. Poderá, eventualmente, haver situações que para nós serão de fácil resolução e para vós de boa mais-valia no quotidiano.
3. Sermos testemunho vivo e desafio para que outros sigam o mesmo caminho. A ARM, para os armistas que queiram ir de 6 meses a 1 ano ou mais cooperar nas missões, está disponível para encarar o custo das viagens, se necessitarem. Por vezes quem tem dinheiro não tem disponibilidade e quem tem disponibilidade não tem posses para as despesas.
4. Promover no seminário da Matola um encontro com antigos alunos daquele instituto, também eles armistas.
Connosco levaremos 400 manuais escolares, dos ensinos primário e secundário, que a livraria Bulhosa de Campo de Ourique gentilmente nos deu, depois de, através do livro “Nuno de Santa Maria – Fragmentos de Memória Persistente” (que entregámos para distribuição), os gerentes terem tomado conhecimento do nosso Projecto.
O ano de 2009 foi um ano muito difícil para a Sociedade Missionária. A saída súbita do Senhor Padre Superior Geral, D. António Couto, que, por disposição de Deus foi nomeado bispo auxiliar de Braga, e a consequente assumpção do cargo pelo Senhor Padre Albino dos Anjos, obrigaram a uma reestruturação da Direcção Geral; seguiu-se o falecimento do nosso querido amigo Pe. Viriato, ecónomo geral. Estes acontecimentos não nos passaram despercebidos e acompanhámos de perto as situações criadas, estreitando com isso a nossa colaboração.
A ARM foi colaborando, sempre que solicitada, na ajuda na resolução de alguns dos problemas entretanto surgidos. Esta cooperação tem-se traduzido essencialmente no apoio jurídico dado por armistas e pela assessoria na área financeira. Se é verdade que é nas dificuldades que se conhecem os amigos, também o é que a resolução conjunta dos problemas fortalece as amizades. Tem sido o que acontece entre a SMBN e a ARM. A cooperação entre ambas no último ano incrementou grandemente o nosso bom relacionamento.
Os armistas estão disponíveis para cooperar com a SMBN em todos os campos e de todas as formas que a Sociedade Missionária necessitar. Partilhem connosco as vossas dificuldades que nós nos comprometemos a ajudar nas soluções. Temos pessoas muito qualificadas, disponíveis e prontas para ajudar. Pensamos que tem sido um erro desperdiçar ao longo destes anos todos o potencial da ARM. Chegou a hora, como dizia Bento XVI em 2008, de os leigos serem mais envolvidos na Igreja. É certo que eles terão que querer envolver-se, mas terá que ser a Igreja institucional a envolvê-los, a indicar-lhes o caminho.
Certamente que haverá muitas áreas, cá e lá, em que os nossos antigos alunos podem ser úteis e realizar eles próprios um sonho que em tempos idos tiveram: o de serem missionários. Chegou a hora de esquecer perspectivas de ontem: nem a Sociedade Missionária tem interesse em olhar para os armistas como aqueles rapazes que não quiseram ser padres, nem os armistas querem continuar a repetir que, por este ou aquele motivo, justa ou injustamente, não os deixaram concretizar o seu ideal de se dedicarem a um projecto de missionação directa.
Todos temos a ganhar com isso.
Esperamos que a Sociedade Missionária nos provoque e nos apresente projectos concretos. Saberemos acarinhá-los, estudá-los, promovê-los e concretizá-los.
Gostaríamos de receber com maior frequência informações vossas. Os armistas preocupam-se convosco e gostam de saber notícias. Nem sempre estou habilitado a responder-lhes. Peço-vos, pois, que com alguma regularidade e na medida do possível, individualmente ou pelos Superiores Regionais, nos façam chegar noticias, mesmo as mais básicas. Nós já ficamos contentes.
É de toda a justiça deixar aqui nesta Assembleia um público agradecimento ao Senhor Padre Martinho, que pese embora a sua sobrecarga de trabalho, sempre, mas sempre, está disponível para nos ajudar em tudo o que lhe solicitamos. Temos convivido mais com os membros da Sociedade que estão na Casa de Lisboa, por razões óbvias e pragmáticas. Queremos também agradecer aos Senhores Padres Reitores dos Seminários de Valadares, Cucujães, Fátima e Cernache do Bonjardim, pela disponibilidade e acolhimento que nos têm dado em todas as nossas reuniões
Para terminar garanto-vos que rezamos para que o Espírito Santo desça e ilumine esta Assembleia Geral nesta hora difícil e que a nossa Sociedade Missionária preserve a sua identidade e cumpra a sua Missão. A ARM estará sempre convosco.

Obrigado.
Valadares, 19 de Julho de 2010.
José Domingues dos Santos Ponciano

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Chegámos ao final do 3º dia

Chegámos ao final do 3º dia. Uma parte importante da agenda da assembleia foi concluída. A apresentação dos relatórios fez vir ao de cima a beleza e profundidade do trabalho missionário. Foram vários os testemunhos expostos onde se sente pulsar com grande vigor o ardor missionário. Damos graças a Deus por todo este trabalho realizado pelos diversos centros missionários.
Concluída esta parte, foi lançado de imediato o debate das diferentes problemáticas retiradas dos relatórios. São várias as questões levantadas pelos grupos. Muitas as propostas! Urge responder no presente mas com olhos bem-postos no futuro. Abraçamos o presente com alegria e disponibilidade em servir o instituto. Abre-se agora uma fase importantíssima nos trabalhos da assembleia.
Terminámos o dia com a celebração das vésperas e eucaristia. Cristo no evangelho de S. Mateus deu-nos o mote: “ eu te bendigo Ó Pai”
Contamos convosco nesta caminhada

terça-feira, 13 de julho de 2010

SAUDAÇÃO AOS MEMBROS DA XI ASSEMBLEIA GERAL

SAUDAÇÃO AOS MEMBROS DA XI ASSEMBLEIA GERAL

“Há um momento para tudo”


Não estou muito seguro das razões para vos propor este texto sagrado. Aliás, dos vários que pensei para início desta assembleia, este nem sequer me ocorreu. Mas durante o retiro casualmente abri neste trecho e senti interiormente que estas palavras respondiam em muito ao porquê desta assembleia.
“Há um momento para tudo e um tempo para todo o propósito debaixo do céu”. A Sociedade Missionária apresenta uma linda história de 80 anos. Em cada dia novas páginas se acrescentam a esta história. Hoje inicia os trabalhos da XI Assembleia Geral. É este o momento e o lugar para avaliarmos, reflectirmos e rezarmos em conjunto. Esse tudo que somos e fazemos assume-se como substrato, que depois de crivado e limpo, oferecemos a Deus. E o que neste momento podemos oferecer? Sem dúvida que muito, muito na vida doada, na obra feita, no sofrimento assumido e na esperança semeada. Muito nos juramentos e ordenações. Muito no irmão que sofreu e que ressuscitou em Cristo. Não sei se todo o devir e o sentido deste tempo de graça está plasmado aqui. Entendo que se por aqui passarmos, se nos deixarmos envolver pela força ritmada da força destes verbos, a nossa assembleia atingirá seus fins. Não será missão o início de um novo tempo? Não será assembleia um sinal de novos tempos? Não será que a nossa presença aqui representa em gérmen a certeza de um novo tempo?
No início desta assembleia gostaria de saudar cada um de vós, vigário geral, superiores regionais, delegados, delegado dos irmãos. Alegra-me ver que assumis esta tarefa com dedicação e seriedade com que sempre incutis aos vossos trabalhos. Faço votos que a vossa presença, intervenção e colaboração resulte para todos e para cada um de vós num momento de enriquecimento comum. Saúdo também quem pela 1ª vez participa numa assembleia geral. Faço votos que durante estes dias possais crescer no amor à sociedade através do conhecimento mais profundo da vida da sociedade. Sejam todos bem vindos.
Compete a própria assembleia traçar a sua própria agenda. Após a leitura e reflexão em torno dos diversos relatórios identificarmos pontos que devem merecer de nossa parte uma atenta e profunda reflexão. Devo dizer que os relatórios das regiões trazem propostas interessantes para aprofundamento. Apesar disso e sem querer pôr em causa a soberana autoridade da assembleia, e tendo em conta outras minhas comunicações e de algum modo o sentir dos membros, importa para o bom funcionamento e eficiência da assembleia identificar alguns temas que pela sua natureza e repercussão no todo institucional serão nucleares para o nosso tempo futuro. Ouve-se à boca cheia que há um certo cansaço na produção de tantos documentos em contrapartida com um grande deficit de cumprimento dos mesmos.
Por último, queria manifestar o meu agradecimento aos membros que me acompanharam ao longo destes anos na direcção geral. Não encontro na história do instituto outra direcção geral sujeita a tantas vicissitudes, desde logo na forma como fui nomeado, passando por momentos mais difíceis como foi a perda do nosso estimado irmão Pe Viriato. Se houve algum mérito na nossa acção, deve-se a eles que pela sua presença regular nas reuniões e na discussão séria dos problemas que enfrentamos, pelo seu conselho que sempre estimei e pela expressa boa vontade em servir o instituto completaram em mim aquilo que à priori era desvantagem: a minha falta de sabedoria e de experiência. Agradeço também a todos os centros missionários, superiores regionais, ecónomos, a todos os membros pela confiança, amizade e oração que por mim fizeram. Peço desculpa por tantas e tantas vezes que não estive a vosso lado e me apresentei de uma maneira mais rude em gestos e palavras. Dou graças a Deus por esta experiência de confiança que depositaram em mim. Sinto que cresci como sacerdote e como missionário e com muito carinho pela sociedade.
É desta forma simples e alegre que começámos os nossos trabalhos. Que ao longo destes dias haja entre todos nós um espírito forte para reflectirmos e programarmos nosso querido instituto. Confiemos ao Senhor da Messe nossos trabalhos por intercessão da nossa Mãe do Céu, Nossa Senhora da Boa Nova, Rainha das Missões.

Lisboa, 12 de Julho de 2010

Livro de Coelet, 3,1-8

Livro de Coelet, 3,1-8


1 Debaixo do céu há momentos para tudo,
e tempo certo para cada coisa:
2 Tempo para nascer
e tempo para morrer.
Tempo para plantar
e tempo para arrancar as plantas.
3 Tempo para matar
e tempo para curar.
Tempo para destruir
e tempo para construir.
4 Tempo para chorar
e tempo para rir.
Tempo para gemer
e tempo para bailar.
5 Tempo para atirar pedras
e tempo para apanhar pedras.
Tempo para abraçar
e tempo para se separar.
6 Tempo para ganhar
e tempo para perder.
Tempo para guardar
e tempo para deitar fora.
7 Tempo para rasgar
e tempo para coser.
Tempo para calar
e tempo para falar.
8 Tempo para amar
e tempo para odiar.
Tempo para a guerra
e tempo para a paz.